Somos aquilo que comemos, ou somos aquilo que não comemos?

Este é o título de um interessante projeto fotográfico de Mark Menjivar, que decidiu fotografar diferentes frigoríficos de vários americanos. Veja as fotos aqui. Se olharmos para este trabalho, com pelo menos um olho de Sherlock Holmes, diria que é no mínimo revelador. 1. Revelador do que comem. 2. Revelador do estilo de vida. 3. Revelador da personalidade. 4. Revelador que só uma minoria cozinha efetivamente. 5. Revelador do mundo em que vivemos. Repare-se que consegui aqui juntar um número de revelações superior aos segredos de Fátima. O que me parece óbvio, pois se o mundo se divide numa série de religiões, une-se para se sentar à mesa e comer. Ou javardar, pelo que me levam a entender alguns dos frigoríficos. De uma forma ou outra, esta religião universal e acima de todas as outras, está em profunda crise. Mas há sinais positivos. Cada vez mais pessoas têm cuidado com a sua alimentação e cada vez mais pessoas têm interesse em saber o que estão a comer na realidade. Ainda somos uma minoria, mas acredito que haverá um crescimento exponencial, principalmente nas classes médias para cima. Isto se o Vítor Gaspar deixar algum para a classe média se orientar. Por isso, diria que o mundo está lentamente a mudar, ou pelo menos é essa a minha esperança. Neste sentido, e em oposição ao título do projeto de Mark, creio que cada vez mais seremos aquilo que não comemos, do que aquilo que comemos. A decisão está na mão e na boca de cada um. (Nenhum innuendo sexual foi usado para escrever este post.)

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