No país da brincadeira o bicho papão mete mais medo que a troika.



Uma das formas de auscultar a saúde económica de um país é olhar para o seu poder de compra.
Toys'R'Index é a ferramenta que analisa o poder de compra de um determinado país. À partida quanto mais elevada a posição no Toys'R'Index, menor a competitividade da economia. O Toys'R'Index é reflexo directo do investimento de um país em brinquedos, jogos, distracções e passatempos. Logo, quando este indíce é elevado, ou acima da média, a produtividade é baixa.
Daí a expressão um país de brincadeira. Um país de brincadeira é um país que ocupa, pelo menos, o top 10 dos países no Toys'R'Index.
Claro, enquanto andamos na brincadeira a economia não se desenvolve e como tal o poder de compra cai.
Enquanto que num país não cotado no Toys'R'Index, por exemplo, quase todos conseguem comprar um iPhone, ou mesmo ter acesso a uma coisa tão básica como cuidados de saúde. Num país do top 10 do Toys'R'Index, não há dinheiro para comprar o iPhone, nem quando muito a versão low cost. No limite, dá para comprar um Chicco, ou um Fisher Price. Uma coisa boa é que o touchscreen nunca deixa de funcionar, por mais quedas que dê, porque pura e simplemente não tem touchscreen. Mas pelo menos tem toques polifónicos e luzes que brilham. Mesmo que o iPhone tenha uma aplicação semelhante, garanto que não é a mesma coisa.
A nível de cuidados de saúde, aí as opções são mais que muitas. Desde o beijinho mágico, a brincar aos médicos e enfermeiros, ao não faz mal é de por e tirar, e jogar à "operação" da Mattel os problemas de saúde do país ficarão reduzidos ao tamanho de uma Polly Pocket.
Num país desenvolvido qualquer pessoa da classe média consegue comprar um Mini, num país subdesenvolvido a mesma pessoa, da mesma classe, consegue comprar uma imitação japonesa de um Mini. Finalmente, aqui se dividem as águas entre um país subdesenvolvido e um país de brincadeira. Pelo menos num país de brincadeira podemos comprar um Mini, original. Daqueles para crianças até dois anos de idade. Mas tem buzina, gasta dois ou três copos de leite e pão com queijo para andar de um lado para o outro, e tem o logotipo original da Mini no volante. Isto para não falar da extensa frota de BMW's em miniatura que serve para passear os fatos da Zara Kids dos meninos que brincam aos políticos.
E quem é que não gosta de brincar aos politícos?
Jogos como "agora sou eu o Primeiro Ministro", jogar "às escondidas do fisco", ao "negócio escuro", "o ministro sabichão" e o meu preferido, "cabra cega da justiça" granjeiam enorme popularidade entre as crianças.
No país de brincadeira todos os problemas se resolvem seriamente a brincar. Não há dinheiro? Distribuímos notas do Monopólio. Há desmotivação? Logo à tarde podemos ver um bocadinho de Disney Junior e comer uma fatia de bolo. A dívida está descontrolada? Talvez aceitem aquele mapa velho com o tesouro dos piratas. No país de brincadeira nada se fará seriamente sem ser brincar.
Diz-se que estes tempos não voltam para trás.
O meu medo é mesmo esse.

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