Totalmente de acordo com o desacordo.




Escrever no telefone, e quando falo em escrever não falo em mensagens de texto, “snapchat” ou “messenger”, falo em escrever. Pode parecer pouco prático, e é. Mas eu gosto. Como é um processo mais lento, porque não dizer atrofiado, dá-me mais tempo para pensar no que estou a escrever, sou mais poupado com os dedos e as palavras. Mais directo e objectivo. Já num teclado tradicional, o meu teclado, óbvio, o lado físico, atlético, o teclar, ultrapassa a minha capacidade de raciocínio. Escrevo demais, extravaso, perco-me, desoriento-me. 

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Por exemplo, sei que podia ter escrito todo este conceito de forma mais breve e objectiva se estivesse a escrever com o telefone, mas estou no computador. (155 caracteres) 

No meio de todas as mudanças, e sempre no processo de pensar e melhorar a escrita.

A propósito de melhorar a escrita, creio que hoje tomei uma decisão. Depois de algum tempo virado de costas para o acordo ortográfico, basicamente por não o compreender, eis que se fez luz, graças a um amigo versado e interessado em letras. Ele fez-me ver o seguinte.

Primeiro há que instalar o conceito de língua viva.

É cliché, mas nós somos 10, eles são 180, a língua é deles, queiramos ou não. É assim como uma evidência da natureza, não dá para esconder ou mascarar. O português é brasileiro? Não tem mal. É orgânico. Se mal controlo a vegetação no meu jardim, sub tropical, porque haveria eu de controlar a língua, que ainda é portuguesa, excelente “branding” para nós, mas é praticada num país tropical, bonito por natureza e com uma corrente e identidade cultural diferente da nossa? Nós inseminamos, somos o Pai, e isto deve bastar. A mim basta-me!

Então, decido deixar-me levar pela corrente.

E a corrente de raciocínio é, se o conceito base emprestado a este acordo é iminentemente fonético, ou seja, escrever as palavras como as exprimimos oralmente, com sotaque brasileiro, então eu entro no jogo e acordo. Faço o mesmo, escrevo como falo. Para mim um facto é um facto e não um fato, e o lado prático da coisa é que não tenho que usar mais uma letra, a “c”, para escrever a palavra prático, uma vez que não a uso na minha expressão oral. O acordo ficou simples. 

Estou a cumprir o acordo ou não?

Não sei, e pouco me importa. A língua viva é uma amálgama tão grande, dinâmica e orgânica que só tenho a certeza de uma coisa, não vou deixar de me fazer entender. E isso cara, isso é belê! (189 caracteres) 

Comentários

  1. Totalmente de acordo (ortográfico)! Explicado dessa forma, o novo acordo, ou pelo menos uma pequena parte dele, fica muito mais fácil de entender. Muito bem! :)

    Emanuel Rodrigues

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    Respostas
    1. Só tenho uma coisas a dizer:
      - Obrigado Emanuel.
      Peço desculpa, afinal foram duas.

      Luís.

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